PREFEITURA GUAMARÉ: BANQUETES PARA UNS, FOME E MISÉRIA PARA OUTROS

PREFEITURA GUAMARÉ: BANQUETES PARA UNS, FOME E MISÉRIA PARA OUTROS

 

Na linguagem nordestina, bodega é sinônimo de mercearia, um espaço de convivência que atende à população com itens essenciais do dia a dia. No entanto, em Guamaré, essa palavra ganhou um novo e infeliz significado: virou metáfora para uma administração pública marcada por contradições e prioridades questionáveis.

Enquanto o Restaurante Popular permanece de portas fechadas, aumentando o número de cidadãos em situação de vulnerabilidade alimentar, a Prefeitura — sob o comando do Prefeito Hélio Willamy — autorizou um contrato de buffet e refeições no valor de R$ 340.927,40, com vigência entre 22 de janeiro e 21 de julho de 2025, segundo dados do Portal da Transparência. O custo é ainda mais impactante quando se leva em conta que não há transparência quanto ao público beneficiado:

https://pmguamarern.transparencia.topsolutionsrn.com.br/contratos/1%2F2025/2025-01-22T00:00:00/?hash=E758FD43C080BD6AFC770C24B370380B

O que surpreende é que, apesar de já terem sido liquidados R$ 51.610,65 e pagos R$ 179.082,65 do valor contratado, o prefeito firmou em 24 de junho um aditivo de 24,998%, o que representa R$ 85.225,03 a mais nos cofres públicos. O gasto total, portanto, se aproxima de R$ 426 mil em apenas seis meses, especialmente considerando que o contrato não ampliou o prazo de contratação.

Vejamos as despesas e a renovação:

Essa movimentação de recursos gera uma série de questionamentos legítimos por parte da população: Quem está se beneficiando desse serviço de buffet? Qual é o critério para o fornecimento dessas refeições? Existe previsão legal para esse tipo de despesa neste formato? São servidores efetivos, comissionados ou contratados os contemplados, ou trata-se de um gasto institucional elitizado?

Em contrapartida, vídeos circulando nas redes sociais escancarando o estado de miserabilidade de diversos moradores, que contam com doações e gestos de solidariedade para não passarem fome.

No jogo político da “bodega” municipal, o povo parece ter sido esquecido. Enquanto a elite institucional se serve de banquetes, grande parte da população enfileira necessidades básicas. A ausência de uma política pública séria de segurança alimentar, contrastada com gastos volumosos em serviços de buffet, impõe uma dura realidade a Guamaré: o prato cheio da má gestão e o vazio da sensibilidade social do Prefeito Hélio.

EM TEMPO

É doloroso assistir a uma cidade como Guamaré mergulhada em carências tão elementares, enquanto os recursos públicos escorrem em contratos que não priorizam os que mais necessitam.

O povo não merece o desprezo silencioso de uma gestão que prefere alimentar gabinetes enquanto as ruas clamam por dignidade.

Quando a Bodega, símbolo de proximidade e abastecimento popular, vira sinônimo de incoerência administrativa, é sinal de que alguma coisa se quebrou no pacto entre governo e governados. Não se trata apenas do fechamento do Restaurante Popular, mas do fechamento dos olhos diante da dor de quem não tem o que comer, enquanto o erário banca serviços de buffet para fins obscuros e mal justificados.

A população precisa, com urgência, acordar para essa realidade, exigir transparência, questionar prioridades e romper o ciclo de indiferença. Porque quando o poder esquece de quem tem fome, ele se distancia da sua razão de existir.

E como nos adverte a própria Escritura: “Ai dos que se deitam em camas de marfim… que comem cordeiros do rebanho… mas não se entristecem com a ruína de José” (Amós 6:4-6). A Bíblia não silencia diante da injustiça social — ela denuncia com coragem os que vivem no conforto, ignorando a fome e a miséria do povo.

Que este registro não seja apenas um desabafo, mas um chamado: para que o povo de Guamaré levante a cabeça, recupere sua voz e passe a exigir aquilo que lhe é de direito — respeito, transparência e pão na mesa.

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